A pesquisa
histórica não se baseia apenas em documentos escritos ou imagens, mas também
na narração de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que têm maior
conhecimento dos mesmos. Neste caso, outra ferramenta pode ser utilizada pelo
pesquisador para adquirir novas informações acerca do objeto de estudo.
Trata-se da entrevista, um recurso da História Oral.
Na História Oral pode-se fazer duas divisões em se tratando de relatos,
segundo o historiador Gwyn Prins: "Existe uma tradição Oral - a qual
representa um 'testemunho oral transmitido de uma geração para a seguinte ou
as demais' -; Existe também um Remeniscência Pessoal: Evidência oral
específica das experiências de vida do informante" (Wikipedia, 2007).
Segundo Olga Rodrigues de Moraes von Simson, do Centro de Memória da Unicamp,
a História Oral "possibilita que indivíduos pertencentes a categorias
sociais geralmente excluídas da história oficial possam ser ouvidos -
deixando registradas para análises futuras sua própria visão de mundo e
aquela do grupo social ao qual pertencem". Apesar de ser um método
prático e cada vez mais usado, a entrevista apresenta algumas deficiências,
mas que podem, de certa forma, serem superadas: "o entrevistado pode ter
uma falha de memória, pode criar uma trajetória artificial, se auto-celebrar,
fantasiar, omitir ou mesmo mentir.
O que poderia ser percebido como um problema, acaba se transformando
em um recurso, uma vez que o próprio entrevistador, no ato de produção da
narrativa histórica, não deixa de produzir uma versão do que entendeu ter
acontecido. Mesmo
quando o
pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentindo
conscientemente, cabe a ele, entrevistador, tentar entender as razões da
'mentira', ou seja, quais os motivos que estão levando a pessoa a mentir,
podendo ser aplicado o mesmo no caso da ilusão biográfica, quando o indivíduo
faz uma produção artificial de si mesmo. No caso de esquecimento, para ajudar
suprir essa falha, podem-se usar os chamados 'apoios de memória', como
fotografias, objetos e outras coisas que possam ajudar o entrevistado a se
recordar melhor dos fatos em pesquisa". (op. cit.).
Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histórica, sejam
documentos ou oralidade, iremos nos deparar sempre com a interpretação ou a
crítica pessoal de quem o fez, cabendo ao pesquisador/entrevistador saber
aproveitar as informações que lhe convém e criar suas próprias considerações.
"[...] nenhum documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor
pensava – o que ele pensava que havia acontecido, queria que os outros
pensassem que ele pensava, ou mesmo apenas o que ele próprio pensava pensar.
Nada disso significa alguma coisa, até que o historiador trabalhe sobre esse
material e decifre-o", é o que comenta Edward Hallet Carr, citado no
site Wikipedia.
A entrevista possibilita um contato direto com o "ator/autor" da
História. Esse envolvimento pode resultar num trabalho dinâmico, abrangente e
até mais realista, traz endo, assim, o passado para o
presente.
Agora, vejamos os passos básicos para realizar uma boa entrevista:
COMO FAZER UMA ENTREVISTA
1. Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos
importantes a abordar. Ao partir para a entrevista, é fundamental saber o
que vamos perguntar.
2. Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se
realmente deseja colaborar conosco. Não se obriga ninguém a ser entrevistado.
3. Escolher local e hora apropriados, para que a entrevista se dê sem
interrupções. Num ambiente ou momento onde entrevistado ou entrevistador
estejam com pressa torna-se impossível a realização da entrevista.
4. Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz, é melhor e mais
adequado, se possível, levar um gravador para ficar tudo registrado, de tal
forma que não se perca parte alguma daquilo que o entrevistado disse.
5. A entrevista não deve ser interrogatório e sim diálogo.
6. O entrevistador deve respeitar as opiniões do entrevistado, mesmo
quando não concordar com elas.
7. O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale
tudo o que desejar, no tempo que quiser.
8. Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda não tiver
terminado de expor seu pensamento em relação à pergunta anterior. Não
interromper desnecessariamente a fala do outro.
Dê essas dicas ao seu aluno.
WIKIPEDIA. História Oral. Disponível em:
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