Acadêmica: MARCLEI INES
GOSSLER MAYER
Curso: Licenciatura em
História
Disciplina: Processos
Historiográficos
CARACTERÍSTICAS HISTÓRICAS DA
COMUNIDADE DE LINHA CHAPÉU, ITAPIRANGA.
Antes
mesmo de iniciar meus estudos do curso de História, busco me aproximar de
comunidades que possuem algum referencial histórico importante, que me reportem
ás raízes do nosso povo.
No
domingo do dia 19 de agosto, participei da Tradicional Festa do Leitão Assado
na localidade de Linha Jaboticaba, São João do Oeste. Como é uma comunidade
próxima á Linha Sede Capela e Linha Chapéu, esta última é a comunidade
histórica mais importante do município de Itapiranga, por ter recebido a
primeira família imigrante do município de Itapiranga no ano 1925, 1 ano antes
do inicio da colonização de Porto Novo, hoje Itapiranga. Foi pra lá que me
dirigi.
O
primeiro ponto histórico que visitei foi à igreja de Linha Chapéu. A edificação
foi construída em 04/10/1953. No local, existe um Monumento em homenagem aos
pioneiros da localidade, que chegaram entre os anos 1925 e 1926.
A
vista do alto do morro da igreja é espetacular. O Rio Uruguai, que supera a
largura de 1.000 metros no lugar, aparecia como um gigante diante dos olhos.
Uma maravilha.
Em
seguida, me dirigi ao cemitério da comunidade, onde jaz o casal pioneiro de
1925, Margareta e Johann Düngersleber, os primeiros desbravadores da mata
virgem de Porto Novo, que costeava o imenso e imponente Rio Uruguai.
No
mesmo sentido da estrada estreita de chão batido, encontra-se uma casa em
estilo germânico, saudosa, com belos traços originais desenhados nas paredes,
portas e janelas. É uma casa construída no ano 1951. Após uma rápida parada
para os registros fotográficos, sigo pela estrada de chão batida, em direção á
morada da primeira família imigrante de Porto Novo, Düngersleber.
Numa
encruzilhada da estrada, eis que vejo uma parte da mais rica história regional,
conhecida por poucas pessoas. Uma sensação de euforia, encantamento e emoção se
misturam diante da história despida á minha frente. Um monumento e 3 cruzes,
formam o túmulo onde três crianças estão sepultadas. As três crianças morreram
nos três primeiros meses em que a família esteve em Porto Novo, por causas
distintas: excesso de esforço físico, bicheira e a terceira, caiu numa panela
com sopa.
Entro
na casa. Lindas pinturas moldam as paredes da casa abandonada ao tempo, sem
moradores. Muitos objetos históricos consegui encontrar na casa como um ferro
de passar aquecido á brasa, tesoura, máquina de costura Olímpia, máquina de
centrifugar mel entre muitos outros objetos. Tomando coragem, respirei fundo e
subi no sótão, que, aliás, é característico em quase todas as casas de
pioneiros em Porto Novo, o qual servia de depósito de alimentos da família, ao
subir os degraus meu coração ficou aflito, uma sensação indescritível tomou
conta de mim imaginando o cotidiano dessa família que lutava incansavelmente
pela sua sobrevivência em meio à mata virgem tomada de perigos e sem
assistência, largada a própria sorte, contando com sua bravura e confiança em
Deus. No sótão, haviam muitos sacos com pertences certamente da família, um
separador de arroz, mas o que mais me chamou a atenção foi a estrutura do
telhado, a forma como ele foi construído, tudo feito manualmente, mostrando a força
e habilidade destes pioneiros. A casa se mostrava imponente e preservada, em
virtude da madeira que foi usada na construção, madeira esta retirada
braçalmente da mata, sendo lapidada e esculpida servindo de alicerce e base
para portas, janelas, vigas, telhado e assoalho. Para o assoalho foi dada uma
atenção toda especial, muito bem tratado, lustrado e emendado, uma obra prima
que se encontra em perfeitas condições.
Ao
sair da casa, me despedi das crianças ali sepultadas, agradecendo e orando para
que continuassem em paz. Depois de explorar esse lugar sagrado, mágico e
inspirador, me dirigi ao outro lado do riacho, que corta a comunidade, onde
visitei uma casa construída no ano de 1950, ainda mais antiga que as anteriores.
Esta construção já se diferenciava das demais em relação á sua arquitetura,
também possuía um sótão enorme muito quente, calor este característico das
casas cobertas por chapas de zinco. A casa era em estilo legitimamente
germânico, onde a madeira e o concreto desenhavam formas geométricas nas
paredes, aliás, as paredes eram extremamente altas, o que dava um ar de imponência
ainda maior á casa.
Depois
de visitar esta simpática casa, fui conhecer a Volta de Capela, o famoso vilão
dos balseiros, conhecido como “o Pedrão”, o Casarão de Sede Capela, o Primeiro
Hotel e o Primeiro Comércio, edificações estas, que irão render outras belas
histórias.
Conhecer
estes pontos históricos, com suas características preservadas, faz despertar um
sentimento valioso em nosso ser. Gostaria de retornar outra vez e ver tudo
restaurado, com acesso melhor para que se possa divulgar mais, para que nossas
crianças na escola tenham desde já a sensibilidade de reconhecer e valorizar as
origens do povo de Itapiranga.
O
interior do nosso município é um museu a céu aberto. Basta ter vontade de
estudar e visitar estes pontos que ainda existem e precisam urgentemente ser
preservados e restaurados, pois assim, como nós envelhecemos as madeiras e tudo
que ainda se encontra em pé, também não serão eternos.